quinta-feira, 2 de abril de 2009

Mas afinal, quem é Paulo Leminski?

Paulo Leminski nasceu aos 24 de agosto de 1944 na cidade de Curitiba, Paraná. Neto de colonos poloneses, tinha ascendência negra por parte de mãe. Desta fina mistura étnica muito se orgulhava o poeta. Foi seminarista da Ordem dos Beneditinos e neste período, com certeza, iniciou seus estudos de latim e grego. No início da década de 1960 começou a estudar a língua e cultura japonesas e publicou em 1983 uma biografia de Bashô.

Os valores contraculturais e libertários dos anos sessenta tiveram um impacto muito grande no seu projeto de vida e poesia, tanto quanto o contato com o concretismo. Tinha como traço marcante de sua personalidade o prazer pela polêmica. Era um indivíduo provocador, as vezes irascível, que motivava na crítica freqüentes reações desfavoráveis com relação a ele.

Um aspecto marcante na obra poética de Paulo Leminski é o esmero que o autor trabalha o poema enquanto mancha gráfica, a atenção que dispensa à palavra enquanto elemento significante e à letra enquanto corpo tipográfico variante em sua carga comunicativa. Este cuidado tanto pode ser atribuído à sua afinidade com a produção da poesia concreta quanto à sua vivência de publicitário.

Em 1964, já em São Paulo, publica poemas na revista Invenção, porta voz da poesia concreta paulista. Casa-se, em 1968, com a poetisa Alice Ruiz. Teve três filhos: Miguel Ângelo, falecido aos 10 anos; Áurea Alice e Estrela. De 1970 a 1989, em Curitiba, trabalha como redator de publicidade. Compositor, tem suas canções gravadas por Caetano Veloso, pelo conjunto "A Cor do Som" e por Moraes Moreira entre outros. Publica, em 1975, o romance experimental Catatau. Traduziu obras de James Joyce, John Lennon, Samuel Becktett, Alfred Jarry. Colaborou, também, com o suplemento Folhetim do jornal Folha de São Paulo e com a revista Veja.

Em 1978 ao ser diagnosticado um problema no seu fígado, devido ao uso intensivo e prolongado de bebidas alcoólicas, toma a decisão de não mais beber. Em carta ao amigo Régis Bonvicino, informa-o dessa decisão:

Meu fígado deu um stop, parei de beber total: Está fazendo uma semana q não provo álcool, se der, não provo mais. Cheguei à conclusão que o álcool até agora tinha me dado mas ia começar a me tirar. Não quero acabar como fernando pessoa com hepatite etílica aos 44 anos. Pound e Maiakovski, os maiores poetas do século, não bebiam.

Por ironia do destino, no dia 7 de junho de 1989, aos 44 anos, o poeta falece em sua cidade natal vítima de hepatite etílica. Sua obra tem exercido marcante influência em todos os movimentos poéticos dos últimos 20 anos. Seu livro Metamorfose foi o ganhador do Prêmio Jabuti de Poesia, em 1995. Em 2001, um de seus poemas (Sintonia para pressa e presságio) foi selecionado por Ítalo Moriconi e incluído no livro Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século da editora Objetiva.




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